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A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL DO PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE

FONTE: CRC-PR Comissão de Inovação e Transformação Digital do Profissional Paranaense

https://www2.crcpr.org.br/imprensa/noticias/exibirParaLeitura/12600 


Missão do Sistema CFC/CRCs, INOVAR para o desenvolvimento da profissão contábil, zelar pela ética e qualidade na prestação dos serviços, atuando com transparência na proteção do interesse público.

Se adequar às transformações, inclusive a digital, é como conduzir um transatlântico em alto mar, manobras requerem precisam antecedência, afinal, não podemos contar com a agilidade de um jet-ski. Ronaldo Dias Oliveira Coordenador da Comissão de Transformação Digital do Profissional Contábil Paranaense


    Ao Longo do tempo os profissionais da contabilidade desenvolveram um talento acentuado, ou uma sensibilidade aguçada para lidar com a tecnologia. Nem todo mundo vê as coisas assim, porém com a finalidade de melhorar cada vez mais a qualidade da contabilidade os contabilistas foram e geralmente são os primeiros a adotar tecnologia em estado da arte. Desde a mecanografia até a inteligência artificial e outros artefatos conhecidos e que estão por vir, sempre haverá profissionais que se interessam e aplicam inovação com entusiasmo. 

    Na aurora da quarta revolução industrial estamos vendo uma explosão de digitalização na sociedade. Essa digitalização impele ao Contador e ao Técnico em Contabilidade a se digitalizar ou ampliar ainda mais a sua digitalização e o mais importante: as empresas também precisam se digitalizar. 

    Nesse sentido, os novos tempos nos trazem a necessidade de que os profissionais contábeis não apenas cuidem de sua própria digitalização, mas também da digitalização das empresas em que trabalham ou para as quais prestam serviços, no que é um fator COMPETITIVO. Normalmente os empresários não tem o mesmo sentimento aguçado para lidar com esse assunto e PRECISAM DA AJUDA DO CONTADOR. Ele se torna assim um necessário agente de transformação digital e inovação para seus clientes. 

    Ainda hoje é comum, aos Contabilistas que atendem MPEs, enviarem malotes de tecido ou plástico para os seus clientes, que são devolvidos com os documentos, contratos, faturas. Normalmente são coletados por mensageiros com alguma periodicidade. Essa forma de agir tem funcionado muito bem por muitas décadas, embora muitos profissionais costumam relatar que há ruídos nessa relação com o cliente, que nem sempre enviam os documentos corretamente. 


    Situações assim também ocorrem nas grandes empresas, onde os documentos eram enviados por envelopes de papel. Não raramente os gestores deixam de relatar ao Controller, negócios relevantes, esquecendo os documentos em alguma gaveta ou armário. 

    Com o processo de digitalização os dados e documentos já são gerados automaticamente a partir de sistemas de tecnologia da informação, que inclusive já são uma realidade no mercado brasileiro. 

    Com a Transformação Digital 4.0, processos inteiros serão ainda mais digitalizados, e com isso uma série de riscos surgem, entre eles a cybersegurança. Os profissionais da contabilidade precisam, cada vez mais, se comunicar com os clientes em tempo real e por meio de artefatos eletrônicos e saber lidar com os problemas do nosso tempo, advindos dessa relação digital. 

    Ao invés do velho e bom malote ou envelopes de papel, muitos contabilistasjá utilizam sistemas de tecnologia da Informação para comunicação on line com seus clientes. No passado o profissional contábil comprava e disponibilizava os malotes para seus clientes, agora precisa cuidar para não perder o protagonismo no uso de sistema de Tecnologia da Informação e acabar ou não recebendo os dados que necessita ou dados sem qualidade ou ainda delegando a terceiros todo o relacionamento cliente x contabilista, por meio de plataformas de relacionamento digital oferecidas no mercado. 

    Mais do que apenas "USUÁRIOS" de Sistemas de TI, nesse processo de transformações os profissionais da área contábil devem também aplicar inovação e AJDAR A CRIAR INOVAÇÃO. Por isso, os Contabilistas não devem agir de forma passiva. A partir de suas observações e experiências no mercado, devem agir em conjunto e SINERGIA com os profissionais de Tecnologia da Informação. Contabilistas são, no jargão de TI "arquitetos", ou seja, instruem os profissionais de TI sobre o que é melhor fazer para atenderem suas necessidades. 

    A "Transformação Digital", então, deve ser não só um EVENTO, mas uma ação ESTRATÉGICA, onde o profissional contábil estuda as necessidades dos seus clientes, observa as opções disponíveis no mercado, em matéria de tecnologia em estado de arte, adota os artefatos que julgar melhores, acompanha o desempenho, protege os dados e informações, usa esses dados e informações para gerar valor e proporcionar inovação tanto para sí quanto para seus clientes. 

    Ainda não existe uma definição única e amplamente aceita sobre “Transformação Digital” e muito menos a transformação digital aplicada à Contabilidade. 

    Esse termo começou a surgir a partir da automação de processos industriais e do surgimento das chamadas “indústrias inteligentes” e está desencadeando mudanças em todos os setores de atividade humana em uma rede ou teia de relacionamentos. As pessoas estão deixando de trabalhar de forma física e material, ou seja, basicamente com o uso de papel, para trabalhar em processos onde há apoio da tecnologia eletrônica, gerando dados e informações virtuais. 

    Não é algo que está acontecendo ao acaso ou imposto por alguma autoridade déspota e opressora, as pessoas enxergam vantagens em trabalhar assim, visualizam que a vida pode ser mais fácil e produtiva. 

    Nesse sentido, Michel Germain, no seu livro “Gestão de novas tecnologias e e-transformação.”1 Deu uma definição interessante a esses acontecimentos: 

    “Metaforicamente, e-transformação é essa energia de mudança iniciada pela dinâmica de internet, o potencial das tecnologias de informação e comunicação e a vontade dos homens num mundo de negócios marcado pela convergência digital. " 

    Assim, a Transformação digital está em uma fase inicial, com muitas definições por vir, mas que já deve ser estudada e aplicada na rotina dos contabilistas do País, pois a velocidade das transformações é absurda, é exponencial conforme define a lei de Moore (que previu que a cada 18 meses a capacidade de aumento exponencial de processamento dos chips de computadores seria dobrada, e em seguida, esse princípio se aplicou às mudanças que a tecnologia digital sofria nas áreas de ciência da computação, telemática, telefonia, robótica e outras). É também um estado de espírito, uma motivação em prol da qualidade de vida para a qual não se pode fechar os olhos. 

    A transformação digital JÁ ESTÁ ACONTECENDO, porém, não deve se dar a esmo, ao sabor das conveniências do momento. A Transformação Digital é um novo campo de estudos na Contabilidade. Por isso, a Comissão de Inovação e Transformação Digital do CRC PR se propõe a atuar como um FAROL para indicar um caminho seguro. 


RISCOS 

    O processo de transformação digital também traz riscos ao profissional contábil. Por exemplo, o ele pode decidir usar um software contábil, gastar tempo e dinheiro para implantar e esse software não ter sucesso no mercado, perder competitividade ou uma “guerra de desenvolvedores e novas tecnologias de programação” e ser descontinuado. 

    Podem surgir também barreiras financeiras, ou seja, os melhores e mais competitivos softwares cobrarem entradas ou mensalidades de valor proibitivo para muitos contabilistas, principalmente os iniciantes. 

    É preciso ter uma especial atenção também para a EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA. Um profissional pode se dedicar a aprender um software e posteriormente esse software ser descontinuado, perdendo tempo e dinheiro. Há também um mito que se vê nos mercados de que o contabilista não precisa estudar muito para operar os sistemas, que são fáceis e já fazem tudo. Isso é uma armadilha perigosa, ao contrário do que muita gente diz, não basta apenas fazer um ou outro curso livre para operar os sistemas e com isso obter sucesso. Cada vez mais, profissionais da contabilidade precisarão se tornar experts em CONTABILIDADE (aliás, esse é o seu principal nome na França: expert contable). 

    Há também os riscos regulatórios, decisões governamentais poderão afetar o trabalho do contabilista. Uma decisão de um gestor público na Esplanada dos Ministérios em Brasília aparentemente simples pode trazer impactos positivos e negativos ao profissional contábil. 

    No Brasil, contabilistas estão submetidos a um processo anómalo de hiper burocracia estatal, que os coloca num ambiente extremamente complexo, arriscado e custoso. Neste ambiente o empresário, seu cliente, acaba não tirando proveito de todo o poder que a contabilidade pode agregar ao seu negócio, o que poderia reduzir a altíssima taxa de mortalidade infantil empresarial. 

    Países como a França e o Reino Unido, ao Contrário, enxergam o profissional da contabilidade como um parceiro indispensável para a transformação Digital. 

    Segundo Mounir Mahjoubi, Secretário de Governo Digital da França, “Os contadores estão em melhor posição para orientar as empresas em sua transição digital”. 

    Certamente no Brasil teremos melhorias no relacionamento do contabilista com o Estado, mas o Risco Regulatório sempre terá um risco. 

    Cada profissional terá que lidar com essas questões e deve fazer isso já! 


DEZ ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA PLANEJAR A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL 

    Apesar da contabilidade sempre surfar na onda da tecnologia em estado da arte, há um contexto de ruptura cultura no mindset tanto dos empresários contábeis, quanto dos seus clientes, além de uma necessária disrupção, nos modelos de negócios atuais e nas ferramentas de trabalho, passando por uma reformulação das tarefas, perfil e aptidões dos colaboradores de escritórios contábeis, que até então tinham um perfil técnico e de poucas habilidades de relacionamento e relacionamento e conhecimentos rasos de tecnologia da informação. 

    A questão agora é termos “High tech com high touch” , termos ingleses que significa em sentido não literal, altíssima tecnologia como Inteligência Artificial, Machine Learning (aprendizado de máquina), Robotização, Business Intelligence (sistemas de inteligência de negócios por meio de informações já existentes em bancos de dados dos sistemas utilizados nas empresas), plataformas contábeis mobile e Erps (sistemas de gestão ) em Saas (software como serviço ou plataformas on line por assinatura), com uma pegada muito forte de proximidade  e relacionamento com o cliente. 

    Tudo isso ao invés de dispensar ou ameaçar de extinção o uso da Ciência Contábil, requer ao contrário, maior atenção do contabilista à Ciência Contábil, pois ele terá cada vez mais trabalhos repetitivos e previsíveis sendo executado por máquinas. 

    Mesmo que estejamos ainda no meio de um processo tão intenso de transformações, que nem sabemos exatamente quando se dará o fim da travessia (fazendo aqui uma analogia com um grande navio), não podemos esperar que cessem as mudanças, pois como um transatlântico não pode ser manobrado na mesma velocidade que um jet-ski, é preciso agir agora, para garantir que a curva seja possível de ser realizada com segurança e assertividade, no momento exato, nem antes nem depois, garantindo chegar ao final com mais tranquilidade e precisão. 

    Ou seja, o ritmo das mudanças são intensos, mas estamos conduzindo um transatlântico que é todo o contexto de décadas que trazemos conosco, além da mentalidade nossas e dos nossos clientes, que também precisam evoluir (e rápido), para garantir que não sejamos extintos pelos concorrentes e accountechs (empresas de tecnologias aplicadas à contabilidade) que estão recebendo pesados investimentos de milhões de dólares, de olho no mercado contábil, e elas são rápidas e crescem de forma exponencial. 

    No momento atual (enquanto as transformações estão em curso) eis dez orientações básicas para a Transformação Digital: 

• Forme a SUA ESTRATÉGIA PARTICULAR DE TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E COMO SERÁ SUA AÇÃO NO MERCADO; 

• Não há como não investir em tecnologia, então comece urgentemente a utilizar, ferramentas para automatizar tarefas repetitivas e previsíveis. Existem empresas especializadas em importações de xml, lançamentos contábeis, robotizações de processos etc.; 

• Volte a estudar a ciência contábil em sua essência e esteja atento a novos desenvolvimentos científicos que surgem nas universidades, e que poderão ser aplicados no seu dia a dia. 

• Para clientes mais organizados ou novos, busque implantar sistemas de gestão online, integrados à contabilidade, ou que permitam exportar para seu sistema contábil, evitando retrabalho, maior custo e erros. 

• Há diversas opções de sistemas de TI no mercado, esteja atento ao que os desenvolvedores estão oferecendo, mas não tome decisões de acordo com o que eles indicam, tome decisões com base nas necessidades de seus clientes e na sua própria estratégia. Fale com quem já implantou e entenda no que de fato o sistema resolve, e como é o suporte. 

• Não seja apenas um usuário passivo de desenvolvedores de TI, busque desenvolvedoras onde sua voz seja ouvida, e você tenha como agir com SINERGIA. 

• Inicie processo de conscientização de seus funcionários sobre a necessidade de mudança de mentalidade e ambiente e modelo de negócios, para que não se apeguem à forma atual de fazer contabilidade, pois há um grande risco de automatização, grande exemplo é o setor fiscal, que pode ser robotizado muito mais rápido do que a maioria imagina, e isso já está acontecendo; 

• Visite e se reúna mais com seus clientes, para discutir as informações contábeis, você pode começar com questões simples como comparativos de faturamento, custos fixos, carga tributária, precificação, riscos fiscais, bem como ajudar a organizar melhor as empresas e modernizar processos e apoiar na transformação digital do próprio cliente: como vendas por e-commerce, Instagram, pagamentos por whats app e outras redes sociais, por exemplo; 

• Comece a planejar a transição do seu modelo de negócios focado em Compliance (tributos e trabalhista), para ir mudando gradativamente rumo à análise das informações contábeis geradas, bem como a aproximação e tratamento das informações mais qualificadas para que seu cliente possa ter sempre informações precisas e lhe consulte antes de tomar decisões; 

• Capacite o seu pessoal, para iniciar esse segundo nível de exigência que requer um pouco (muito) mais de raciocínio, conhecimento de negócios e estudo de matérias como: fluxo de caixa, giro de estoques, margens de contribuição, necessidade de capital de giro, níveis e capacidade de endividamento por aquisição de empréstimos, valuation (determinação de quanto a empresa vale para investidores) etc. 

    O que não se deve fazer é ignorar ou menosprezar o processo de revolução na forma de se fazer contabilidade, e achar que podemos continuar fazendo apenas hiper burocracia, e mesmo que ela seja reduzida, apenas as tarefas de execução contábil sem nenhuma análise. A mudança exige sacrifícios sim, mas será recompensadora e lucrativa, além de representar nossa sobrevivência e de nossos clientes a longo prazo. 

Boa Transformação Digital! 

 Comissão de Inovação e Transformação Digital do Profissional Paranaense